Arde a saudade lenta no doce sabor do anoitecer,
crepúsculam-se em mim as estrelas fixas do horizonte,
amansando as feras lânguidas, guardiães do meu prazer,
dou-me em temperança, fidelidades e rituais segredados.
Há montes verdejantes, pradarias em flor,
sábios e guerreiros que entoam leituras secretas e insanas.
A mim resta-me murmurar cantigas antigas,
melodias de tristeza e solidão,
que povoam mundos silenciosos e habitam ruínas ao abandono do meu coração.
Mergulho em fontes dormentes,
águas que me esperam, sonhos incandescentes.
Olhos que me abraçam, braços que se soltam,
carinhos roubados, encontros que me derrotam.
Canções raptadas da dor, sentimento esquecido de amor.
Ventos que sopram em pensamentos amansados,
Chuvas que me aquecem, o corpo molhado,
Mãos dormentes, presas na falta de ternura,
amores adormecidos, lentos, amargurados.
Já me fazem falta as fragrâncias suaves da tua alma,
As lágrimas que não mais quero,
toques perdidos e puros, que ainda desejo,
palavras mansas aos meus ouvidos, que ainda me levam.
Agora sou mudo, calado, silenciado, surdo, triste,
lembrado apenas em dias cinzentos.
Sou caminhante nas estrelas do firmamento,
lembrado por ninguém, esquecido pela aurora não nascida,
lembrado por ti, na esperança ardida dos fogos aprisionados.
☥M.SCHAEFER☥